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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE MICHEL FOUCAULT: UMA TRAJETÓRIA HISTORIOGRÁFICA.

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE MICHEL FOUCAULT:
UMA TRAJETÓRIA HISTORIOGRÁFICA.

Luciano Bezerra Agra Filho[1]


Resumo: O que são relações de poder? O que é o projeto arqueo-genealógico? O que é o saber? Muitas Perguntas, muitas respostas... Este artigo pretende analisar algumas reflexões do filósofo e estruturalista Michel Foucault, que sempre esteve engajado em um trabalho crítico da atualidade, buscando rupturas, tematizando problemas específicos, e enfatizando principalmente as práticas sociais ancoradas em mecanismos de poder que dão origem a problemáticas modernas e atuais. O seu objetivo é focalizar as práticas no nível do conjunto de saberes, sexo e idéias de uma época que como uma rede de formações discursivas faz uso de múltiplas relações de poder. Com objetivos prévios, sua análise remete-se para um sentido ético, é direcionado a comportamentos, práticas (conflitos, lutas), ou seja, procura estabelecer o que de fato os discursos produzem de práticas em um regime de verdade específico. Sendo assim, Foucault não direciona seus estudos, questionamentos e refutações visando à construção de uma teoria do conhecimento (saber limitado em idéias), mas, em uma critica construtiva da realidade existente e acumulada nos discursos.

Palavras – Chave: Michel Foucault – O saber historiográfico -  Filosofia das Idéias – Poder - Disciplina



SOME REFLECTIONS ON MICHEL FOUCAULT:
A TRAJECTORY HISTORIOGRAPHICAL.


ABSTRACT: The article intends to analyze some reflections of the philosopher and structuralist Michel Foucault, that always it was engaged in a critical work of the present time, searching ruptures, systematize specific problems, and mainly emphasizing practical the social ones anchored in mechanisms of being able that they give to origin the problematic current modern and. Its objective is to focus the practical ones in the level of the set to know and ideas of a time that I eat a net of address formations make use of multiple relations of being able. With previous objectives, its analysis is sent for an ethical direction, is directed the behaviors, practical (conflicts, fights), that is, looks for to establish what in fact the speeches produce of practical in a specific regimen of truth. Being thus, Foucault does not direct its studies, questionings and refutations aiming at to the construction of a theory of the knowledge (to know limited in ideas), but, in one criticize constructive of the existing and accumulated reality in the speeches.

Key words: Michel Foucault - historiography -  philosophical - culture – Ideas.






QUELQUES REFLEXIONS SUR MICHEL FOUCAULT: UNE HISTORIOGRAPHIE HISTOIRE.


Résumé: Quelles sont les relations de pouvoir? Quel est le projet archéo-pedigree? Qu'est-ce que la connaissance? Beaucoup de questions, beaucoup de réponses ... Cet article analyse quelques réflexions du philosophe Michel Foucault et le structuralisme, qui a toujours été engagée dans un travail critique aujourd'hui, à la recherche de pauses, thématisant des problèmes spécifiques, principalement en soulignant les pratiques sociales ancrées dans les mécanismes de pouvoir qui donnent lieu à des questions modernes et actuelles . Son objectif est de se concentrer sur le plan pratique l'ensemble des connaissances, le sexe et les idées d'une époque comme un réseau de formations discursives fait usage de relations de pouvoir multiples. Avec des objectifs précédents, leur analyse se réfère à un sens éthique, est chargé de conduire, les pratiques (les conflits, les combats), ou cherche à établir ce que produisent les discours de la pratique dans un régime spécifique de la vérité. Ainsi, Foucault ne dirige pas ses études, questions et objections en vue de construire une théorie de la connaissance (la connaissance limitée sur les idées), mais dans une critique constructive de la réalité existante et accumulés dans les discours.

Mots - clés: Michel Foucault - Le historiographique savoir - la philosophie des Idées - Power - Discipline


A ANALÍTICA DO PODER VERSUS TEORIA DO PODER


                  O autor rejeita urgentemente a imagem do poder como simplesmente opressor negador do sexo, este uma força selvagem, a ser domesticada. Ele quer compreender como o poder e o desejo que circulam. É essa imagem do poder que representa, simboliza como repressor da liberdade, permite-nos, segundo o autor, aceitar a sua vigência, pois o alcance do poder é muito maior. É evidente que o discurso jurídico e as leis não mais simbolizam o poder de maneira mais abrangente, polissêmica, complexa, ampla e assim sucessivamente, mas estes discursos ultrapassam os seus limites a partir do século XVIII, criando novas tecnologias de dominação. Nós somos controlados e normatizados por múltiplos processos de poder. Outro ponto importante trata-se sobre a questão da biopolítica, ou seja, pode-se dizer que ela é um fenômeno caracteristicamente moderno, pois sua constituição segundo Foucault começou a se estruturar a partir do século XVIII, através de dois fatores. Primeiramente podemos perceber que foi o adestramento e a docilização do corpo humano através de um controle econômico e por último se deu quando a ciência passou a conhecer os processos biológicos no ser humano e em conjunto com o governo passou a estudar e desenvolver políticas normativas de intervenção. Em conseqüência disto, a biopolítica, portanto, passou a interferir sobre o corpo e outras condições de vida do povo. Michel Foucault em seu livro “História da Sexualidade I: a vontade de saber” apresenta uma nova concepção de poder, Foucault diz que essa visão do poder também é vital para uma história da sexualidade.

"Dizendo poder, não quero significar 'o poder', como um conjunto de instituições e aparelhos garantidores da sujeição dos cidadãos em um estado determinado. Também não entendo poder como um modo de sujeição que, por oposição à violência, tenha a forma de regra. Enfim, não o entendo como um sistema geral de dominação exercida por um elemento ou grupo sobre o outro e cujos efeitos, por derivações sucessivas, atravessem o corpo social inteiro. A análise em termos de poder não deve postular, como dados iniciais, a soberania do Estado, a forma da lei ou a unidade global de uma dominação; estas são apenas e, antes de mais nada, suas formas terminais. Parece-me que se deve compreender o poder, primeiro, como a multiplicidade de correlações de forças imanentes ao domínio onde se exercem e constitutivas de sua organização; o jogo que, através de lutas e afrontamentos incessantes as transforma, reforça, inverte; os apoios que tais correlações de força encontram umas nas outras, formando cadeias ou sistemas ou ao contrário, as defasagens e contradições que as isolam entre si; enfim, as estratégias em que se originam e cujo esboço geral ou cristalização institucional toma corpo nos aparelhos estatais, na formulação da lei, nas hegemonias sociais." (FOUCAULT, 1993, p. 88-89).

                     É neste fragmento que propõe um desafio que é a analítica do poder. E a análise genealógica do poder, produz de certa maneira uma diferenciação com relação à ciência política, rompe com a concepção clássica de poder, a qual considera um tanto limitativa, pois na teoria clássica jurídica, o poder era considerado como algo que se pudesse possuir (bem), cuja ação é fundadora do direito, e obedece a uma ordem contratual.                     Para Michel Foucault, o poder não é necessariamente criado pelo Estado, não é somente uma manifestação do aparelho estatal. É interessante observar que a questão que nos interessa realmente diz respeito às relações de poder que não se constituem como objetos, como espaços, que não pertencem a ninguém, ou seja, ninguém pode ter poder. É importante considerar que o poder é uma relação que permeia toda a sociedade global e esse é o dado importante, pois ele não pode ser dissecado, sendo a característica mais polêmica e rica desse autor.

Realidades distintas, mecanismos heterogêneos, esses dois tipos específicos de poder se articulam e obedecem a um sistema de subordinação que não pode ser traçado sem que leve em consideração a situação concreta e o tipo singular de intervenção. O importante é que as análises indicaram claramente que os poderes periféricos e moleculares não foram confiscados e absorvidos pelo Estado. Não são necessariamente criados pelo Estado, nem, se nasceram fora dele, foram inevitavelmente reduzidas a uma forma ou manifestação do aparelho central. Os poderes se exercem em níveis variados e em pontos diferentes da rede social e neste complexo os micro-poderes existem integrados ou não a o Estado, distinção que não parece, até então, ter sido relevante ou decisivo para a sua análise. (FOUCAULT, 1979, p. XII).    


                  Percebe-se por essa leitura acima, que Michel Foucault não exclui o poder do Estado das relações de poder coexistente no meio social, mas, contesta a hipótese de que o Estado seria o órgão central e único de poder, e ainda que a rede de poderes existentes na sociedade moderna estaria interligados ou corresponderia a resultados de extensão do estado. Contrariamente, Foucault acredita que o poder não pode ser localizado em uma instituição ou no Estado (aparelho central e exclusivo de poder). Tomando como exemplo a concepção marxista do poder segundo Foucault se trata de funcionalidade econômica do poder, tendo o papel de manter e reproduzir a dominação de classe, assim como as condições básicas da produção. A crítica foucautiana consiste justamente nessa metodologia marxiana e marxista a concepção economista, à medida que abordar o poder como uma superestrutura da economia, tratando, assim, o poder como posse e não como um exercício. Contudo, entende-se que Foucault não acredita na existência de uma relação dual de poder (estrutura binária de poder caracterizada por uma relação entre classe dominante e dominada), mas enfatiza a existência de uma luta constante e silenciosa entre poder e resistência, pois considera que todas as classes sociais são submetidas às relações de poder.
                  Na realidade o que Foucault quer demonstrar é que não são estruturas sociais que determinam as relações de poder, mas são as micros relações de poder, que acabam constituindo estruturas sociais. De maneira geral, o poder para Foucault não é um objeto, uma coisa ou uma propriedade de que alguns seriam possuidores em detrimento de outros, ou seja, não existe uma dualidade entre uma classe social que seria dominante e que, por sua vez, deteria o poder, e uma classe social dominada. O poder para o autor é uma prática social constituída historicamente. Assim, o poder não é algo que possa ser possuído, mas sim exercido e todo sujeito encontra-se na possibilidade de exercê-lo.
                  Foucault analisa a formação histórica das classes das sociedades capitalistas identifica a sociedade institucionalizada, inclusive à constituição do dispositivo da sexualidade, percebendo uma sinonímia entre o Estado e o poder. Mas existem formas de exercício de poder distintas do Estado, podendo até articular-se em favor do mesmo. A mecânica de poder transformar-se em técnicas de dominação. Este poder atinge a realidade dos indivíduos por meio de controle dos corpos e adentra na vida cotidiana. Foucault realiza uma “uma investigação dos procedimentos técnicos de poder que realizam um controle detalhado, minucioso dos corpos-gestos, atitudes e discursos.” (FOUCAULT, 1979, p. XII). Ao longo de toda a história do ocidente as análises políticas do poder apresentam uma visão inteiramente negativa, “com respeito ao sexo, o poder jamais estabelece relação que não seja de modo negativo: rejeição, exclusão, recusa, [...] ocultação e mascaramento.” (FOUCAULT, 1985, p. 81). O poder seria aquele que rege por meio de imposição de regras, “aquilo que dita lei, no diz respeito ao sexo [...][reduzindo-o] a regime binário: lícito, permitido e proibido.” (FOUCAULT, 1985, p. 81) E opera segundo a lógica da censura (ciclo de interdição) e exerce de maneira uniforme em todos os níveis (de alto a baixo).
                   A análise foucautiana procura focalizar a especificidade dos poderes que estão  intrinsecamente relacionados com a produção de saberes, dentre os quais está o saber sexual, procurando analisar como esses micro-poderes se relacionam com o poder do Estado. No Estado não está à origem ou foco absoluto de todo tipo de poder social, à medida que muitos micro-poderes se instituem fora do âmbito do Estado e de seus aparelhos. Não há nenhum lugar específico de poder na estrutura social, segundo Foucault o que há é um conjuntos de dispositivos ou mecanismos. O poder em si não é uma propriedade, nem objetivo ou coisa do tipo, mas é algo (como já se colocou) que se exerce, que funciona (exercício), possui uma característica relacional, ou seja, uma relação de força. Foucault critica a concepção de poder designada pelo modelo econômico, tendo-o como mercadoria, pois para o mesmo, o poder não constitui enquanto disputa, em que se ganha ou se perde, como também não é um fenômeno que trata especificamente da lei e repressão. Nessa perspectiva critica também as teorias do poder desenvolvidas pelos os filósofos do século XVIII, os quais:

definem o poder como direito originário que se cede, se aliena para construir a soberania e que tem como instrumento privilegiado o contrato; teorias que, em nome do sistema jurídico, criticarão o arbítrio real, os excessos, os abusos de poder. Portanto, exigência que o poder se exerça como direito, na forma da legalidade. Por outro lado, as teorias que, radicalizando a crítica ao abuso do poder, caracterizam o poder não somente por transgredir o direito, mas o próprio direito por ser um modo de legalizar o exercício da violência e o Estado o órgão cujo papel é realizar a repressão. Aí também é na ótica do direito que se elabora a teoria, na medida em que o poder é concebido como violência legalizada. (FOUCAULT, 1979, p. XV)


                  Na verdade o que Foucault quer mostrar é que as relações de poder não são necessariamente contratuais e exclusivamente repressivas, produz também efeitos de verdade e saber. Segundo ele para se analisar concretamente as relações de poder, não podemos nos ater ao modelo de poder soberano, pois, o poder não estudado nos termos primitivos da relação, mas da própria relação, investigação as relações de sujeição. Buscando perceber as relações de forças. Sendo assim, pensar o poder enquanto relações de forças. É, portanto, considerar o poder como composição contratual, para ele constituir um aspecto negativo. Uma vez que toda relação de poder (seja de cima para baixo ou contrariamente), nas sociedades ocidentais é posto de alguma forma como negativo devido a maneira da qual o trata, na maioria das vezes corresponde a forma jurídica, como domínio do direito, e contrariando essa concepção ele argumenta que o poder não está unicamente restrito ao campo do direito, mas em contrapartida na diversas esferas do meio social.                    Como sendo resultante de sua análise, a proposta foucautiana não é a formulação de uma nova concepção de poder, mas uma analítica do poder, e é com base na mesma que se permite esclarecer o poder ligado aos dispositivos, inclusive o da sexualidade, Vejamos o que diz Michel Foucault:


A idéia do que existe, em um determinado lugar, ou emanado de um determinado ponto, algo que é um poder, me parece baseada em uma análise enganosa e que, em todo caso, não dá conta de um número considerável de fenômenos. Na realidade o poder é um feixe de relações mais ou menos organizado, mais ou menos piramidializado, mais ou menos coordenado. Portanto, o problema não é de constituir uma teoria do poder que teria por função fazer o que um Boulainvilliers ou um Rousseau quiseram fazer. (FOUCAULT, 1979, p. 248)


                  A problemática não está na constituição de uma teoria do poder, como alguns filósofos propuseram (Rousseau, Boulainvilliers, Hobbes), mas é necessário que caracterize o poder como algo que surgiu em um lugar específico e um determinado momento. Dessa maneira deduz que o poder é algo aberto, que envolve relações coordenadas. Sendo assim, o que se pode fazer é uma analítica das relações de poder.

O BIOPODER E O PODER DISCIPLINAR


                  A análise do poder em Michel Foucault se encontra principalmente em seus livros História da Sexualidade I (Vontade de Saber/1976) e Vigiar e Punir (1987). Apresentando as formas do poder moderno, o biopoder enquanto tecnologia de regulamentação sobre a “população”. A modernidade inaugura uma concepção de poder, em que se tem uma ligação direta com o controle sobre a vida (perspectiva biológica) dos indivíduos, poder esse cuja legitimidade não está mais a concepção clássica, em que se acredita no exercício soberano do poder (absoluto), mas no controle ou regulamentação da vida e esse é o campo do biopoder. Considerando que “o homem moderno é um animal em cuja política sua vida, enquanto ser vivo, está em questão” (FOUCAULT, apud, DREYFUS & RABINOW, 1995, p. 148). O biopoder retrata o controle ou regulamentação da população. Foucault faz está análise por meio de uma abordagem social, histórica, filosófica e a genealógica do poder. Entender o que é genealogia para Foucault mostra-se fundamental para o desenvolvimento de qualquer pesquisa que utilize como práticas de relações de forças, na ordem dos poderes e saberes, presentes nas diferentes esferas das sociedades desenvolvida pelo filósofo, se insurge contra as teorias universalizantes que se apresentam como explicativas da totalidade dos fenômenos sociais por parte de tantas metanarrativas modernas. O que é genealogia? Qual o significado do método genealógico? De onde provem? Qual sua relação com poder? Quais diferenças este procedimento metodológico instaura? Ainda discorrendo sobre isto, Revel diz:

O enfoque genealógico não é, no entanto, um simples empirismo, “nem tampouco um positivismo, no sentido habitual do termo”. Trata-se, de fato, de ativar saberes locais, descontínuos, desqualificados, não legitimados, contra a instância teórica unitária que pretenderia depurá-los, hierarquizá-los, ordená-los em nome de um conhecimento verdadeiro [...]. As genealogias não são, portanto, retornos positivistas a uma forma de ciência mais atenta ou mais exata: as genealogias são mais exatamente anti-ciências. O método genealógico é, portanto, uma tentativa desassujeitar os saberes históricos, isto é, de torná-los capazes de oposição e de luta contra “a ordem do discurso”; isso significado que a genealogia não busca somente no passado de acontecimentos singulares, mas que ela se coloca hoje a questão da possibilidade dos acontecimentos”. (REVEL, 2005, p. 52 – 53) 
                   
                  Em defesa da sociedade Foucault constata que:


Aquém, portanto, do grande poder absoluto, dramático, sombrio que era o poder de soberania, e que consistia em poder de fazer morrer, eis que aparece agora, com essa tecnologia do biopoder, com essa tecnologia do poder sobre a “população” enquanto tal, sobre o homem enquanto ser vivo, um poder contínuo, científico, que é o de “fazer viver”. A soberania fazia morrer e deixava viver. E eis agora aparece um poder que eu chamaria de regulamentação e que consiste ao contrário, em fazer viver e deixar morrer. (FOUCAULT, 1999, p. 294)

                    
                 O poder agora intervém como o direito de fazer viver, na maneira de viver, ou seja, no como viver. Considerando que o biopoder estabelece o poder à medida que o aplica globalmente á população, a vida e aos vivos. Em vontade de saber (1979) faz referência ao biopoder no que se refere ao controle, disciplina e regulamentação da vida. Enfatiza que “seria necessário falar de ‘biopoder’ para designar aquilo que faz entrar a vida e seus mecanismos no domínio dos cálculos explícitos e faz do poder-saber um agente de transformação da vida humana [...]” (FOUCAULT, apud, DREYFUS & RABINOW, 1995, p. 148). Essa nova tecnologia do poder determina e normatiza o corpo, a partir do controle e da disciplina.
                  E por meio dos dispositivos da sexualidade e da loucura ele aponta para o poder disciplinar (que se aplica ao corpo, por intermédio de técnicas punitivas). O que seria outro pólo do biopoder. Além desse pólo há o que trata da espécie humana, enquanto objeto de atenção. “Esforços para compreender os processos de regeneração humana estavam fortemente ligados a objetivos diferentes, mas políticos. Esses controles reguladores dos processos vitais serão objetos do sexo volume da história da sexualidade”.(DREYFUS & RABINOW, 1995, p. 149). Vale lembrar que estes pólos estão justamente centrado no corpo, não no sentido de reprodução humana, mas como um objeto a ser manipulado. Uma nova ciência, ou melhor, uma tecnologia do corpo como objeto de poder constitui-se gradualmente em localizações periféricas e dispares. Além disso, Foucault une a caracterização do biopoder com o poder disciplinar, visando que os dois níveis não se exclui se entregam.

O poder disciplinar é com efeito um poder que, em vez de se apropria-se e de retirar, tem como função maior <<adestrar>>; ou sem duvida adestrar para retirar e se apropriar ainda mais e melhor. Ele não amarra as forças para reduzi-las; procurar ligá-las para multiplicá-las e utilizá-las num todo. Em vez de dobrar uniformemente e por massa tudo que lhe está submetido, separa, analisa, diferencia, leva seus processos de decomposição até as singularidades necessárias e suficientes. (FOUCAULT, 1987, p. 153)


                  O controle disciplinar visava uma “docilidade” dos corpos. E o biopoder (nova tecnologia do poder) se relaciona diretamente os processos que diz respeito à vida. Considerando isso Foucault ressalta: “esses dois conjuntos de mecanismos, um disciplinar, o outro regulamentador, não estão no mesmo nível. Isso lhes permite, precisamente, não se excluírem e poderem articular-se um com o outro. (FOUCAULT, 1999, p. 299) E um dos exemplos citados por Foucault que comprova essa integração dos dois mecanismos é a sexualidade, vejamos porque:


De um lado, a sexualidade, enquanto comportamento exatamente corporal depende de um controle disciplinar, individualizante, em forma de vigilância permanente (e os famosos controles, por exemplo, da masturbação que foram exercidos sobre as crianças desde o fim do século XVIII até o século XX, e isto no meio familiar, no meio escolar, etc., representam exatamente esse lado do controle disciplinar da sexualidade); e depois, por outro lado, a sexualidade se insere e adquire efeito, por seus procriadores, em processos biológicos amplos que concernem não mais ao corpo do indivíduo mas a esse elemento, a essa unidade múltipla constituída pela população. (FOUCAULT, 1999, p. 299)                      


                  Portanto, a sexualidade situa-se entre mecanismo disciplinares (corpo) e regulamentadores (população) esses seriam mais gerais. Por isso que as teorias médicas argumentam que quando se tem uma sexualidade desmedida (indisciplinada) e irregular produz efeitos duplos: sobre o corpo e sobre a população. Sobre o corpo (indisciplinado) “é imediatamente punido por todas as doenças individuais que o devasso sexual atrai sobre si.” (FOUCAULT, 1999, p. 301) Os efeitos sobre a população dá-se a medida que “supõe que aquele que foi devasso sexualmente tem uma hereditariedade, uma descendência que, ela também, vai ser perturbada, e isso durante gerações e gerações. (FOUCAULT, 1999, p. 301). Daí percebe-se como os saberes técnicos a exemplo da medicina vai se estabelecer no século XIX por influencias científicas no que se trata os processos biológicos e orgânicos.

CRÍTICA À HIPÓTESE REPRESSIVA


                  Na contemporaneidade é recorrente o discurso de uma possível repressão sexual, que se daria então por um conjunto de interdições e censuras, lançadas por práticas, idéias e instituições que estabelecem aquilo que seria “permitido” e “proibido”. “Segundo a hipótese repressiva, passamos, através da história européia, de um período de relativa abertura sobre nossos corpos e discursos para uma repressão e uma hipocrisia cada vez maiores.” (DREYFUS & RABINOW, 1995, p. 142) Nota-se que a hipótese repressiva apóia-se em uma conjuntura histórica para argumentar e mostrar as modificações que é constitui enquanto tal.
                  Recorrendo á análise histórica já feita anteriormente percebe-se que século XVII havia uma maior liberdade, pois os “gestos era diretos, discursos sem vergonha, transgressões visíveis, anatomias mostradas e facilmente misturadas, crianças astutas vagando sem incômodo nem escândalos entre risos dos adultos” (FOUCAULT, apud. DREYFUS & RABINOW, 1995, p. 142). Entretanto, no decorrer dos anos as coisas se modificam, e na chamada era vitoriana “o risco foi substituído pelas noites monótonas da burguesia vitoriosa” (FOUCAULT, apud. DREYFUS & RABINOW, 1995, p. 142). A sexualidade, ou o que dela restou, foi agora confinada ao lar, e até se restringiu a cama de dois pais. Uma regra de silencio foi imposta. Reinou a censura. O sexo transformou-se em desagradável e utilitário.” ((FOUCAULT, apud. DREYFUS & RABINOW, 1995, p. 142). Ou seja, o sexo se restringe a função reprodução, ou seja, para procriação. O prazer era negado, o sexo longe de ser uma necessidade biológica, consistia em meios apenas para reprodução.
                  Como já foi colocado há quem relacione a repressão sexual com o advento do capitalismo, em que todas as energias do indivíduo deveriam estar direcionada ao desenvolvimento econômico, ou seja, a produção “(trabalhem, não façam amor)” (FOUCAULT, 1979, p. 231). A realidade é que o exercício ou a concepção de sexualidade obedece, pois, a regras que são estabelecidas e controladas ou culturalmente. Uma vez que:

A hipótese repressiva está ancorada numa tradição que pensar o poder apenas como coação negatividade e coerção. Com uma recusa sistemática em aceitar a realidade, como um instrumento repressivo, como uma proclamação de verdade, as forças do poder previnem ou, pelo menos, distorcem a formação do saber. (DREYFUS & RABINOW, 1995, p. 143)
                   
                  Em contraposição a essa idéia de sexo reprimido, Michel Foucault apresenta uma crítica relevante, pois para o mesmo essa sociedade que é institucionalizada não visa proibir mais incentiva e realiza uma proliferação de discursos. É nesse contexto que “O discurso designa, em geral, para Foucault, um conjunto de enunciados que podem pertencer a campos diferentes, mas que obedecem, apesar de tudo, a regras de funcionamento comuns. Essas regras não são somente lingüísticas ou formais, mas reproduzem um certo número de cisões historicamente determinadas” (REVEL, 2005, p. 37). Sobre o sexo Foucault diz:


Segundo Foucault, contrariamente do que se pensa, isto é, que a repressão sexual se exerce pela censura, pela proibição e pelos interditos, na realidade essa “hipótese repressiva” (como chama Foucault) está enganada. Em nenhuma sociedade falou-se tanto, discutiu-se tanto, detalhou-se tanto, estudou-se tanto e regulamentou-se tanto o sexo como a nossa. O sexo, em nossa sociedade, sempre foi aquilo de que se deva falar, falar muito e falar tudo. Até o mutismo não é censura, mas uma certa estratégia de silencio para maior eficácia do discurso sobre o sexo. (CHAIÚ, 1984, p. 182)

                     
                  É interessante ressaltar que a própria Marilena Chauí em seu livro “Repressão Sexual (1984)”, expressa e considera que a sua analogia foucaultiana não que trata sobre a repressão sexual, ou seja, criticando-a, mas considera infinita a compreensão desse dispositivo (da sexualidade), e os discursos estratégicos que produzem e incitam, para a mesma em seu livro “ seria um caso exemplar de submissão a tais estratégias, visto que não só [fala-se] o tempo todo em sexualidade, mas ainda [foi dado] um lugar privilegiado na relação com o desejo.” (CHAUÍ, 1984, p. 182). E em contraposição, a proposta foucautiana é o abandono da perspectiva do desejo. Foucault desconstrói essa perspectiva repressiva do sexo e enfatiza que toda essa discursividade acerca da sexualidade humana não visa proibir ou reduzir a prática sexual, mas um controle que intensifica os discursos sobre prazeres e estimulação dos corpos. Sendo assim, a sociedade moderna e suas instituições não recusam o conhecimento acerca do sexo, mas instaura aparelhos discursivos com a finalidade de delimitar uma “verdade” sobre o sexo.
                  Em a “História da sexualidade I (vontade de saber) Foucault questiona o porquê da nossa sociedade “fustiga ruidosamente por sua hipocrisia, fala prolixamente de seu próprio silêncio, obstina-se em detalhar o que não se diz e promete-se liberar das leis que a fazem funcionar” (FOUCAULT, 1985, p. 14). E considerando, a “hipótese repressiva” Foucault coloca algumas questões que é importante serem ressaltada, entre as quais estão:

... a repressão do sexo seria, mesmo, uma evidencia histórica? A mecânica do poder e, em particular, a que é posta em jogo numa sociedade como a nossa, seria mesmo, essencialmente, de ordem repressiva? [...] o discurso critico que se dirige á repressão viria cruzar com um mecanismo de poder, que funcionara até então sem constentação, para barra-lhe a via, ou faria parte da mesma rede histórica daquilo denuncia (e sem duvida disfarça) chamado-o “repressão”? (FOUCAULT, 1985, p. 15)


                  A crítica que faz á hipótese repressiva é argumentada após evidenciar as constantes verbalização, produção e incitação que se realiza no que trata a sexualidade ou a idéia de sexo. E sendo assim, o discurso repressivo necessitaria ser questionado e colocado á prova fazendo referência ao mecanismo que o sustenta, pois o que se percebe é uma liberação por meio de discurso. Uma discursividade que nos leva a questionar, qual os seu real objetivo? Levantando suposições, será que visam o fim da repressão sexual? Ou se por interesses camuflados incita-se a produção fantasiosa de uma sexualidade reprimida? Considerando que:
A partir do século XVI, a “colocação do sexo em discurso”, em vez de sofrer um processo de restrição, foi, ao contrário, submetida a um mecanismo de crescente incitação; que as técnicas de poder exercidas sobre o sexo não obedeceram a um princípio de seleção rigorosa, mas, ao contrário, de disseminação e implantação das sexualidades polimorfas e que a vontade de saber não se detém diante se um tabu irrevogável. (FOUCAULT, 1985, p. 17)


                  É importante ressaltar que Foucault não nega terminantemente a repressão sexual, mas que a mesma não é um elemento fundamental que defina a história da sexualidade, pois sua colocação discursiva obedece a técnicas de poder. Vale considerar na perspectiva foucautiana a sexualidade aparece como uma forma de poder, tese que é demonstrada por uma análise histórica, a qual se processa pelo desenvolvimento de algumas linhas principais, entre as quais está à confissão, a proliferação dos discursos, assim como a criação do biopoder.
                  Foucault questiona com a nossa sociedade já há muito tempo afirma de maneira hipócrita a existência de uma repressão, se permanentemente fala de seu próprio silencio “obstina-se em detalhar o que não diz denuncia os poderes que exerce e promete liberar-se das leis que a fazem funcionar.” (FOUCAULT, 1985, p. 14). Isso é realmente paradoxal, sendo necessário questionar para que possamos perceber quais são as intenções e estratégias que sustentam os discursos tidos como verdadeiros. De acordo com a perspectiva foucautiana a história da sexualidade é marcada por uma tentativa de criar discursos que sejam aceitos como “verdade”. É nesse ponto que Michel Foucault diz:

É importante ressaltar que a verdade para Foucault não corresponde a descobertas (científicas), mas é legitimada por uma estrutura de poder, coexistindo uma relação direta entre poder e verdade. Na Microfísica do poder Foucault explicita: “por “verdade”, entender um conjunto de procedimentos regulados pela produção, a lei, a repartição, a circulação e o funcionamento dos enunciados. A “verdade” está circularmente ligada a sistemas de poder, que a produzem e apóiam, e a efeitos de poder que eu ela induz e que a reproduzem. “Regime” de verdade”. (FOUCAULT, 1979, p. 14)


                  Foucault realiza um “inventário histórico-crítico”, do que ele mesmo designa, “nossa experiência constituída”, ou seja, o infindável questionamento sobre o que nos tornamos historicamente, as “verdades” a que nos submetemos e que incorporamos, e que fizeram de nós aquilo que hoje somos. Nessa perspectiva, é claro, a verdade não deve ser tida como uma realidade descoberta, desvelada. Também o “sujeito” não é a realização de algo dado como a natureza, isto porque, segundo o filósofo, o sujeito é produzido socialmente. Na medida em que analisa o que se construiu, no ocidente, como a “verdade” acerca daquilo que nos tornamos, o pensador faz da crítica um repensar constante sobre as experiências sociais, culturais e históricas expressa na prática concreta das sociedades contemporâneas.
                  A “verdade” é centrada na forma do discurso científico e nas instituições que a produzem, ela está submetida a uma constante incitação econômica e política, ou seja, a “verdade” é o objeto, de inúmeras formas, de uma imensa difusão e de um imenso consumo. Em conseqüência disto, a “verdade” ainda é produzida e transmitida sob o controle, não exclusivo, mas dominante, de alguns grandes aparelhos políticos ou econômicos. Portanto, a “verdade” é o objeto de debate político e de confronto social.
                   Em conseqüência dessa proliferação de discursos verdadeiros na modernidade institui-se uma scientia sexuais que não tem a intenção de trata de uma descoberta, ou seja, do que diz respeito a aspectos biológicos ou da natureza humana, mas da sua fabricação. Sendo assim, não se trata de descobri uma verdade, mas de á criá-la, formando discursos que sejam proliferados como verdadeiros. Podemos concluir que Michel Foucault propôs abordagens inovadoras consideradas essenciais para se entender às instituições, os sistemas de pensamento e os discursos produzidos no meio social, político e econômico, e por isso seus conceitos tornaram-se fundamentais para os mais diversos campos do conhecimento. Poucos filósofos do cenário contemporâneo percorreram com tamanha competência e genialidade tantas áreas do saber como Michel Foucault.
                  É na história da Sexualidade I (Vontade de Saber), Foucault realiza seus estudos sobre o dispositivo da sexualidade, fazendo uma apresentação da composição histórica que o constitui enquanto tal. E para tanto remeter-se ao verdadeiro repressivo que segundo a perspectiva foucaultiana a composição de relações de poder produz campos de saber, e de modo recíproco, saberes geram relações de poder. Uma vez que a “curiosidade e vontade de tudo saber o sexo [é] para melhor controlá-lo”.(CHAUÍ, 1984, p. 16). Ou seja, a intenção dessa proliferação discursiva, visam o controle e domínio do âmbito sexual dos indivíduos. Desenvolve-se um incitamento disfarçado, o qual está atrelado a mecanismos de pode, que na tentativa de libertar o sexo de uma aparente repressão social, mostra-se visivelmente em que se está enredado a segmentos de poder e saber.
                  Foucault em a vontade saber apresenta uma investigação histórica, e defende uma a tese de que a sexualidade aparece com uma forma de poder. Portanto, para uma melhor compreensão da hipótese repressiva faz-se necessário recorrer à compreensão clássica do poder, assim com a perspectiva foucaultiana acerca do poder, a qual é designada como analítica do poder. É importante perceber ainda que na análise foucaultiana a sexualidade constitui-se enquanto dispositivo histórico, no qual se incita significativamente o discurso sobre o sexo, servindo-se de estratégias de poder e saber, sendo ele o objeto da verdade. De acordo com Foucault, essa tríplice aliança (poder/saber/verdade) compõe-se enquanto mecanismo de controle, nos quais funcionam as estratégias de dominação na sociedade ocidental. Isto significa dizer que no volume I da história da sexualidade, Foucault apresenta a problemática:

Da “vontade de saber”, agora assumindo a forma de poder confessional, que desde a pastoral cristã à psicanálise, longe de reduzir o sexo ao silêncio, encoraja ao homem a dizer, no sexo, a sua verdade. É nessa compulsão á forçar confissões, a dar sentido de produzir sujeitos e de produzir súditos. O homem é coagido pelo poder a constituir-se em sujeito, através do sexo. (ROUANET, 1987, p. 225)


                  É neste fragmento acima, que podemos perceber sobre o sexo, o qual se sustenta ao longo da história da humanidade (fazendo menção aos últimos três séculos), mas que por outro lado incita a uma explosão discursiva, que culminará na criação de uma ciência da sexualidade. E essa trajetória é amparada expressivamente pelos mecanismos de poder e saber, os quais visam à proliferação de discursos verdadeiros. Focault enquanto renomado pensador contemporâneo é também considerado um dos filósofos que contribui de maneira significativa para reflexão do homem como objeto do contexto em que vive, da sociedade e da história. Tornando-se assim detentor de uma potencialidade reveladora. Foucault propiciou-nos um legado inestimáveis e atemporais, que em muitos contribuíram para um melhor entendimento de autores consagrados no campo da historiografia atual, como Michel Foucault, Paul Veyne, Michel de Certeau e Hayden White e assim sucessivamente.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


  • CHAUÍ, Marilena. Repressão Sexual: Essa nossa (des) conhecida. 2ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1984.

  • DREYFUS, Hubert L; RABINOW, Paul. Michel Foucault, uma trajetória filosófica: (para além do estruturalismo e da hermenêutica). Tradução de Veras Porto Carreiro. – Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.

  • FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: A vontade de saber. 11ª ed. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1993.

  • FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização, Introdução e Revisão Técnica de Roberto Machado. - Rio de Janeiro. Edições Graal. 16ª ed., 1979.

  • FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Organização e tradução de Roberto Machado. – Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

  • FOUCAULT, Michel. Em Defesa da Sociedade: Curso no Collège de France (1975 – 1976). Tradução Maria Ermantina Galvão. – São Paulo: Martins Fontes, 1999.

  • FOUCAULT, Michel. Ética, Sexualidade, Política. Organização e seleção de textos Manoel Barros da Motta: tradução Elisa Monteiro, Inês Autran Dourado Barbosa. 2ª ed. – Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.

  • MARTINS, Carlos J. O Legado de Foucault. In: A vida dos corpos e das populações como objeto de uma biopolítica na obra de Michel Foucault. Organizações: Lucila Scavone, Marcos César Alvarez, Richard Miskolci. – São Paulo: editora da UNESP, 2006.

  • REVEL, Judith. Michel Foucault: Conceitos Básicos; tradução Maria do Rosário Gregolin, Nilton Milanez, Carlos Piovani. São Carlos: Claraluz, 2005.

  • ROUANET, Sérgio Paulo. As razões do Iluminismo. São Paulo: Companhia das letras, 1987.




[1] Graduado em Licenciatura Plena em História pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB e Graduando em Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES DA GEOGRAFIA HUMANA EM RELAÇÃO AO AQUECIMENTO GLOBAL ANTROPOGÊNICO: UM MUNDO SEM CATRACAS É POSSÍVEL?

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES DA GEOGRAFIA HUMANA
EM RELAÇÃO AO AQUECIMENTO GLOBAL ANTROPOGÊNICO: UM MUNDO SEM CATRACAS É POSSÍVEL?



Resumo: O que é o Efeito Estufa? Será que o aquecimento Global é o Fenômeno Natural ou é o Efeito da Atividade Humana? Outra questão que se coloca é se o aquecimento global observado é natural ou antropogênico? Muitas perguntas, Muitas respostas... Este artigo propõe analisar sobre o aumento da temperatura global, a Intensificação do efeito-estufa, as Limitações dos modelos de clima global a Variabilidade climática natural e a responsabilidade pela natureza. Percebe-se que este artigo trata-se de uma pesquisa analítica descritiva, com análise dos textos pelos Estudos da linguagem e da Análise do discurso, buscando-se observar e desenvolver a presença dos discursos utilizados nas matérias referentes ao aquecimento global e seus usos de linguagem simples, destacada o contexto filosófico, sociológico, histórico, geográfico e outras áreas afins, enfatizando as causas, conseqüências e os interesses políticos integrados as organizações sociais, políticas, econômicas, cultural e assim sucessivamente. Portanto, contextualizamos e intertextualizamos uma pesquisa arraigada em livros, sites e revistas a fim de expor um trabalho concreto e vir a esclarecer as dúvidas sobre este tema de caráter social e polissêmico. Destaco Hans Jonas, porque tem como ponto de apoio uma ontologia fundada numa finalidade da natureza.

Palavras chave: Aquecimento Global - variabilidade climática - modelos climáticos – Efeito Estufa.



SOME CONSIDERATIONS OF THE HUMAN GEOGRAPHY
REGARDING THE GLOBAL HEATING ANTROPOGÊNICO: IS A WORLD WITHOUT CATRACAS POSSIBLE?


Abstract: What is the Greenhouse effect? Will it be that the Global heating is the Natural Phenomenon or is the Effect of the Human Activity? Is another question that is put if the global observed heating is natural or antropogênico? Many questions, Many answers... This article proposes to analyse on the increase of the global temperature, the Intensification of the greenhouse effect, the Limitations of the models of global climate to climatic natural Variability and the responsibility for the nature. it is realized that one treats this article as an analytical descriptive inquiry, with analysis of the texts by the Studies of the language and of the Analysis of the speech, when for to observe be looked and developing the presence of the speeches used in the matters referring to the global heating and his uses of simple, outstanding language the philosophical, sociological, historical, geographical context and other similar areas, emphasizing the causes, consequences and the political interests integrated the social, political, economical organizations, culturally and so successively. So, contextualizamos and intertextualizamos an inquiry rooted in books, sites and magazines in order to expose a concrete work and come to explain the doubts on this subject of social character and polissêmico. I detach Hans Jonas, because it takes as a point of support an ontology been based on a finality of the nature.

Key words: Global heating - climatic variability - climatic models – Greenhouse effect.


CONSIDERATIONS UNES PAR RAPPORT AUX GÉOGRAPHIE HUMAINE DU RÉCHAUFFEMENT CLIMATIQUE ANTHROPIQUE: UN MONDE SANS CLIQUET EST POSSIBLE?


Résumé: Quel est l'effet de serre? Ce que le réchauffement climatique est un phénomène naturel ou est l'effet des activités humaines? Une autre question qui se pose est de savoir si le réchauffement observé est naturelle ou anthropique? Beaucoup de questions, beaucoup de réponses ... Cet article vise à analyser sur l'augmentation de la température mondiale, l'intensification de l'effet de serre, les limites des modèles du climat mondial à la variabilité naturelle du climat et de la responsabilité de la nature. Il est remarqué que cet article, il est une recherche descriptive analytique, l'analyse de textes pour l'étude de la langue et analyse du discours, en essayant d'observer et de développer la présence des discours utilisés dans les questions relatives au réchauffement de la planète et de ses usages un langage simple, a souligné le contexte philosophique, sociologique, historique, géographique et d'autres domaines connexes, en insistant sur les causes, les conséquences et les intérêts politiques inclus organisations sociales, politiques, économiques, culturelles et ainsi de suite. Par conséquent, une recherche et contextualisée intertextualize enracinée dans les livres, magazines et sites Web afin d'exposer un travail précis et viennent pour répondre aux questions sur le sujet d'un environnement social et polysémique. Mettez en surbrillance Hans Jonas, parce que son point de l'ontologie de soutien basé sur un but de la nature.

Mots-clés: réchauffement de la planète - la variabilité du climat - les modèles climatiques - Effet de serre.


1. INTRODUÇÃO


                   Neste artigo percebemos que o efeito estufa é o aquecimento gradual do planeta provocado pelo acúmulo de certos gases na atmosfera, principalmente dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2). Os gases à base de carbono são conhecidos como gases estufa. O efeito estufa tem um lado bom. A camada de gases em torno da Terra serve para manter a temperatura do planeta nos limites adequados para a vida. Sem essa "manta" que retém o calor, a atmosfera seria cerca de 18 graus Celcius mais fria. As maiores emissões de CO2, segundo dados de 1997 expressos em milhões de toneladas anuais, são, pela ordem, dos Estados Unidos, China, Federação Russa, Japão, Índia, Alemanha, Reino Unido e Canadá. Especificamente, os países desenvolvidos assumiram o seguinte compromisso no âmbito do artigo 3.1 do Protocolo de Quioto, Consuelo yatsuda moromizato Yoshida mostrou em seu texto: mudanças climáticas, protocolo de quioto e o princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada. A posição estratégica singular do Brasil. Alternativas energéticas, avaliação de impactos, teses desenvolvimentistas e o papel do judiciário, dizendo que:

As Partes incluídas no Anexo I devem, individual ou conjuntamente, assegurar que suas emissões antrópicas agregadas, expressas em dióxido de carbono equivalente, dos gases de efeito estufa listados no Anexo A não excedam suas quantidades atribuídas, calculadas em conformidade com seus compromissos quantificados de limitação e redução de emissões descritos no Anexo B e de acordo com as disposições deste Artigo, com vistas a reduzir suas emissões totais desses gases em pelo menos 5 por cento abaixo dos níveis de 1990 no período de compromisso de 2008 a 2012. (YOSHIDA, 2008, p. 6)
                   O aspecto negativo do efeito estufa está relacionado à ação do homem. A atmosfera da Terra formou-se lentamente, em bilhões de ano. De repente, em poucas décadas, a grande produção de gases estufa pelo homem ameaça alterar seu equilíbrio, tornando-a cada vez mais espessa, o que resultaria na retenção de mais calor sobre a superfície da Terra. Não há dúvida sobre o papel dos gases no aquecimento global. Mas ainda há discussões sobre o verdadeiro papel do dióxido de carbono emitido por atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis como no caso o petróleo, carvão e a fumaça das queimadas, e é por isso que foram provados os aumentos da temperatura média do planeta nos últimos anos e ainda também já foi exposto o aumento da emissão de gases estufa por atividades humanas. Mas não se estabeleceu ainda uma clara relação de causa e efeito entre esses dois fatos. O aumento da temperatura poderia ser uma oscilação natural do planeta. Estuda-se também o papel dos oceanos. Eles cobrem três quartos da superfície do planeta. Grande parte do carbono é produzido nos oceanos através do fitoplâncton, minúsculos organismos vegetais. Qual a verdadeira capacidade de o mar servir de "depósito " de carbono? É mais um tema em discussão. Mesmo com tantas incertezas, é melhor tomar medidas de redução dos gases estufa antes que seja tarde.


2. AQUECIMENTO GLOBAL: A CONVENÇÃO-QUADRO, O PROTOCOLO DE QUIOTO E O PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE COMUM.



Nós estamos na era do esclarecimento ambiental e aquecimento global é visto como a maior ameaça ao bem estar da população mundial. Hoje em dia muitos investigadores especulam que com o aquecimento global da atmosfera irá haver um aumento das falhas de colheitas relacionadas com a seca em áreas já por si afectadas por esta. Eles acham que as áreas secas ficarão mais secas e as áreas humidas ficarão mais húmidas. Ainda assim tem-se observado que as pessoas estão a mudar-se para regiões que são relativamente menos produtivas, com respeito à produtividade da agricultura do que as terras de que emigraram. Este livro desafia a vista que as secas futuras serão causadas pela alteração do clima ao contrário das actividades humanas e da mudança demográfica. O autor prevê problemas futuros nestes ambientes frágeis, quer ocorra ou não alteração do clima. Este livro intriga investigadores na biologia ambiental, em ciências ambientais, ciência popular, e em agricultura, bem como fabricantes de política e estudantes. ( DOMBROWSKI, 2006, p. 01)


                  Segundo Dombrowski, o Aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão um aumento da temperatura média superficial global que vem acontecendo nos últimos 150 anos. Entretanto, o significado deste aumento de temperatura ainda é objeto de muitos debates entre os cientistas. Isto quer dizer que as causas naturais ou antropogênicas têm sido propostas para explicar o fenômeno. Assim, acredita-se que a grande parte da comunidade científica acredita que o aumento de concentração de poluentes antropogênicos na atmosfera é causa do efeito estufa. Em conseqüência disto, a Terra recebe radiação emitida pelo Sol e devolve grande parte dela para o espaço através de radiação de calor, isso significa dizer que os poluentes atmosféricos estão retendo uma parte dessa radiação que seria refletida para o espaço, em condições normais, mas essa parte retida causa um importante aumento do aquecimento global.
                  Percebe-se aqui, portanto, uma questão fundamental quando se fala em aquecimento global, ou seja, pode-se dizer que é o aumento da temperatura média dos oceanos e do ar perto da superfície da Terra ocorrido desde meados do século XX e que deverá continuar no século XXI. Além disso, segundo o Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, a temperatura na superfície terrestre caracterizou-se um aumento entre 0,74 para 0,18 °C durante o século XX, ou seja, um aumento nas temperaturas globais pode, em contrapartida, causar outras alterações, incluindo aumento no nível do mar, mudanças em padrões de precipitação resultando em enchentes e secas. No entanto, espera-se que o aquecimento global seja mais intenso no Ártico, e estaria associado ao recuo das geleiras, permafrost e gelo marinho. Particularmente os outros efeitos prováveis incluem alterações na freqüência e intensidade de eventos meteorológicos extremos, extinção de espécies e variações na produção agrícola. Dessa forma o aquecimento e as suas conseqüências variarão de região para região, apesar da natureza destas variações regionais ser incerta.
                  A crescente complexidade dos fenômenos ambientais, a ocorrência global concomitante com o aquecimento global que já se verifica e que se prevê continuar no futuro, é a acidificação oceânica, que é também resultado do aumento contemporâneo da concentração de dióxido de carbono atmosférico. É importante chamar atenção para o fato de que o consenso científico é que o aquecimento global antropogênico está a acontecer. Todavia, o debate público e político sobre o aquecimento global ainda continuam. Ainda ficamos uma indagação: Mas, afinal o que foi Protocolo de Quioto? Contudo, entende-se que o Protocolo de Quioto é um acordo internacional que estabelece as metas de redução de gases poluentes para os países industrializados. Ressalte-se, ainda, que o protocolo foi finalizado em 1997, baseado nos princípios do Tratado da ONU sobre Mudanças Climáticas, de 1992, ou seja, visa à estabilização da concentração de gases de efeito estufa para evitar uma “interferência antropogênica perigosa. Como se pode percebe, foi em Novembro de 2009 era composto por 187 estados que assinaram e ratificaram o protocolo. Por esta razão, Consuelo Yatsuda Moromizato Yoshida colocou que a Convenção-Quadro e o Protocolo de Quioto estabeleceram como objetivo final e ele dizia que”:

alcançar a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático. Esse nível deverá ser alcançado num prazo suficiente que permita aos ecossistemas adaptarem-se naturalmente à mudança do clima, que assegure que a produção de alimentos não seja ameaçada e que permita ao desenvolvimento econômico prosseguir de maneira sustentável. (YOSHIDA, 2004, p. 112)


                  É preocupante a crescente complexidade dos fenômenos ambientais, que a maior parte do aumento de temperatura observado desde meados do século XX foi causada por concentrações crescentes de gases do efeito estufa, como resultado de atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis e a desflorestação. Considerando, então, que o escurecimento global, uma conseqüência do aumento das concentrações de aerossóis atmosféricos que bloqueiam parte da radiação solar antes que esta atinja a superfície da Terra, mascarou parcialmente os efeitos do aquecimento induzido pelos gases de efeito de estufa. Em outras palavras os modelos climáticos referenciados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas [IPCC], das Nações Unidas, projetam que as temperaturas globais de superfície provavelmente aumentarão no intervalo entre 1,1 e 6,4 °C entre 1990 e 2100. Como observou o renomado astrofísico inglês Stephen Hawking, afirmando que: “durante anos, parte da comunidade científica se enganou atribuindo o aquecimento aos ciclos naturais do planeta e às mudanças na atividade solar. Hoje existe uma quase unanimidade de que o problema é causado por nós mesmos” (HAWKING, 2001, p. 92). Segundo o IPCC, o efeito estufa, percebe-se por essa leitura que a variação dos valores reflete o uso de diferentes cenários de futura emissão de gases estufa e resultados de modelos com diferenças na sensibilidade climática. A partir daí podemos entender que a maioria dos estudos ter seu foco central no período até o referente ano 2100 espera-se que o aquecimento e o aumento no nível do mar continuem prosperando por mais de um milênio, mesmo que as concentrações de gases estufa se estabilizem. O que seria então o termo aquecimento global?
                  Antes de prosseguirmos com nossa hipótese, é preciso destacar que o termo aquecimento global é um exemplo específico de mudança climática à escala global, ou seja, o termo significa ainda mudança climática, mas, também pode se referir ao esfriamento global. Como se vê, é certo que no uso comum, o termo se refere ao aquecimento ocorrido nas décadas recentes e subentende-se uma influência humana. É a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima que enfatiza, entre outros aspectos, que os países desenvolvidos são os principais responsáveis pelas emissões históricas e atuais, ou seja, essa articulação se concretizou na Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima [UNFCCC] usa o termo mudança climática para mudanças causadas pelo Homem, e variabilidade climática para outras mudanças. Nesse mesmo enfoque é possível situar que o termo alteração climática antropogênica é por vezes usado quando se fala em mudanças causadas pelo Homem. Nesse contexto de interpretação entre as evidências do aquecimento do global incluem-se o aumento observado das temperaturas globais do ar e dos oceanos, o derretimento generalizado dos glaciares e a subida do nível médio do mar gradual das neves eternas e das camadas de gelo dos pólos, aumento do volume dos oceanos, mais chuvas em algumas regiões, mais seca em outras, aumento do número e intensidade de furacões, tufões, tempestades, inundações, desertificações e do fenômeno El Niño, que altera o clima no mundo.
                 Outra perspectiva, mais importante é a principal evidência do aquecimento global vem das medidas de temperatura de estações meteorológicas em todo o globo desde 1860, mas os referentes dados com a correção dos efeitos de ilhas urbanas demonstrou que o aumento médio da temperatura foi entre 0.6 a 0.2 °C durante o século XX. É aqui que se demonstra, com todo o vigor os maiores aumentos foram em dois períodos, a saber, primeiramente em 1910 à 1945 e 1976 à 2000, sendo que De 1945 à 1976, houve um arrefecimento que fez com que temporariamente a comunidade científica suspeitasse que estava a ocorrer um arrefecimento global. Partido dessas ponderações, o aquecimento verificado não foi globalmente uniforme. É preciso destacar ainda que durante as últimas décadas, foi em geral superior entre as latitudes de 40°N e 70°N, todavia em algumas áreas, como a do Oceano Atlântico Norte, tenha sucedido um arrefecimento. É provavelmente que os continentes tenham aquecido mais do que os oceanos. Há, portanto, que referir que alguns estudos parecem indicar que a variação em irradiação solar pode ter contribuído em cerca de 45–50% para o aquecimento global ocorrido entre 1900 e 2000.
                  Vale salientar que a principal evidência do aquecimento global vem das medidas de temperatura de estações metereológicas em todo o globo desde 1860, no entanto, os dados com a correção dos efeitos de ilhas urbanas expõem que o aumento médio da temperatura foi mais de 0.6 - 0.2 C durante o século XX, inclusive os maiores aumentos foram em dois períodos, a saber, sendo que o primeiro foi de 1910 à 1945 e o segundo foi de 1976 à 2000. É importante perceber que as evidências secundárias são obtidas através da observação das variações da cobertura de neve das montanhas e de áreas geladas, do aumento do nível global dos mares, do aumento das precipitações, da cobertura de nuvens, do El Niño[2] e outros eventos extremos de mau tempo durante o século XX, exemplos, a saber, os dados de satélite demonstra um espaço restrito de 10% na área que é coberta por neve desde os anos 60 deste referido século. Nota-se que a área da cobertura de gelo no hemisfério norte na primavera e verão também ficou restrito em cerca de 10% a 15% desde 1950 e houve retração das montanhas geladas em regiões não polares durante todo o século XX. Vale ressaltar que as causas das mudanças climáticas ocorreram devido a fatores internos e externos. Esses fatores internos são aqueles associados à complexidade derivada do fato dos sistemas climáticos serem sistemas caóticos não lineares. Fatores externos podem ser naturais ou antropogênicos.
                  Historicamente, o principal fator externo natural é a variabilidade da radiação solar, que depende dos ciclos solares e do fato de que a temperatura interna do sol vem aumentando. Fatores antropogênicos são aqueles da influência humana levando ao efeito estufa, o principal dos quais é a emissão de sulfatos que sobem até a estratosfera causando depleção da camada de ozônio. Com base neste ponto, os cientistas concordaram que fatores internos e externos naturais podem ocasionar mudanças climáticas significativas. No último milênio dois importantes períodos de variação de temperatura ocorreram: um período quente conhecido como Período Medieval Quente e um frio conhecido como Pequena Idade do Gelo. Ainda discorrendo sobre isto, David APPEL, colocou que o "o Período de Aquecimento Medieval, entre 800 e 1300, e a Pequena Idade do Gelo, de 1300 a 1900 – ocorreram globalmente e numa época em que a emissão de gases industriais com efeito estufa ainda não se tinha tornado abundante" (APPELL, 2003, p. 10-11).
                  É nessa passagem extraída de David Appell que podemos perceber que a variação de temperatura desses períodos tem magnitude similar ao do atual aquecimento e acredita-se terem sido causados por fatores internos e externos somente. Em seguida a Pequena Idade do Gelo é atribuída à redução da atividade solar e alguns cientistas concordam que o aquecimento terrestre observado desde 1860 é uma reversão natural da Pequena Idade do Gelo. Por conseguinte as grandes quantidades de gases tem sido emitidos para a atmosfera desde que começou a revolução industrial, a partir de 1750 as emissões de dióxido de carbono aumentaram 31%, metano 151%, óxido de nitrogênio 17% e ozônio troposférico 36%. Vale lembrar que a maior parte destes gases são produzidos pela queima de combustíveis fósseis, como no caso o carvão, petróleo e gás, queima das florestas tropicais, e assim sucessivamente.
                  Partindo dessa interpretação da sociedade, destaco que os cientistas pensam que a redução das áreas de florestas tropicais tem contribuído, assim como as florestas antigas, para o aumento do carbono. No que diz respeito, as florestas novas nos Estados Unidos e na Rússia contribuem para absorver dióxido de carbono e desde 1990 a quantidade de carbono absorvido é maior que a quantidade liberada no desflorestamento, porém nem todo dióxido de carbono emitido para a atmosfera se acumula nela, metade é absorvido pelos mares e florestas. Além disso, apresentam a real importância de cada causa proposta pode somente ser estabelecida pela quantificação exata de cada fator envolvido. Observe-se ainda, que os fatores internos e externos podem ser quantificados pela análise de simulações baseadas nos melhores modelos climáticos. Como bem se expressa, James Lovelock,  a respeito:

O ambientalista que gosta de acreditar que a vida é frágil e delicada e que está em perigo diante da brutalidade do homem, não gosta do que vê quando olha o mundo através de Gaia. A donzela desamparada que ele esperava resgatar, surge como uma mãe canibal saudável e robusta (LOVELOCK, 2001, p. 89-90).


                  Nessa passagem, nota-se claramente, que a influência de fatores externos pode ser comparada usando conceitos de força radioativa. Com esta afirmação a força radioativa positiva esquenta o planeta e uma negativa o esfria. Paralelamente as emissões antropogênicas de gases, depleção do ozônio estratosférico e radiação solar têm força radioativa positiva e aerossóis têm os seus uso como força radioativa negativa. Contudo, os modelos climáticos são simulações climáticas mostram que o aquecimento ocorrido de 1910 até 1945 podem ser explicado somente por forças internas e naturais, mas o aquecimento ocorrido de 1976 a 2000 necessita da emissão de gases antropogênicos causadores do efeito estufa para ser explicado. Vale destacar que a maioria da comunidade científica está atualmente convencida de que uma proporção significativa do aquecimento global observado é causada pela emissão de gases causadores do efeito estufa emitido pela atividade humana. Concluímos que dependemos da exatidão dos modelos usados e da estimativa correta dos fatores externos e é por isso que a maioria dos cientistas concordou que as importantes características climáticas estejam sendo incorretamente incorporadas nos modelos climáticos, mas eles também pensam que modelos melhores não mudariam a conclusão.
                  Outro ponto importante é que os críticos, os irônicos dizem que há inúmeras falhas nos modelos e que fatores externos não levados em consideração poderiam modificar as conclusões acima, mas, esses críticos dizem que as simulações climáticas não têm capacidades de modelar os efeitos resfriadores das partículas, ajustar a retroalimentação do vapor de água e levar em conta o papel das nuvens. Os críticos também expõem que o Sol pode ter uma maior cota de responsabilidade no aquecimento global atualmente observado do que o aceite pela maioria da comunidade científica, enquanto que alguns efeitos solares indiretos podem ser muito importantes e não são levados em conta pelos modelos. Assim, à parte do aquecimento global causado pela ação humana poderia ser menor do que se pensa atualmente.
                  Devido aos efeitos potenciais sobre a saúde humana, economia e meio ambiente o aquecimento global tem sido fonte de grande preocupação. Percebe-se que algumas importantes mudanças ambientais tem sido observadas e foram ligadas ao aquecimento global. Tomamos por exemplo as evidências secundárias mencionadas como no caso a diminuição da cobertura de gelo, aumento do nível do mar, mudanças dos padrões climáticos, e assim sucessivamente, ou seja, são exemplos das conseqüências do aquecimento global que podem influenciar não somente as atividades humanas, mas também os ecossistemas, inclusive o aumento da temperatura global permite que um ecossistema mude; algumas espécies podem ser forçadas a sair dos seus habitats devido a mudanças nas condições enquanto outras podem espalhar-se, invadindo outros ecossistemas. Em contrapartida, o aquecimento global também pode ter efeitos positivos, uma vez que aumentos de temperaturas e aumento de concentrações de CO2 podem aprimorar a produtividade do ecossistema, sendo que as observações de satélites mostraram que a produtividade do hemisfério Norte aumentou desde 1982, mas por outro lado é fato de que o total da quantidade de biomassa produzida não é necessariamente muito boa, uma vez que a biodiversidade pode no silêncio diminuir ainda mais um pequeno número de espécie que esteja florescendo.
                  É importante evidenciar que a outra grande preocupação é o aumento do nível do mar. Desde então, o nível dos mares está aumentando em 0.01 à 0.02 metros por década e em alguns países insulares no Oceano Pacífico são expressivamente preocupantes, porque cedo eles estarão debaixo de água. Nesta óptica podemos perceber claramente a influência do aquecimento global provoca subida dos mares principalmente por causa da expansão térmica da água dos oceanos, mas alguns cientistas estão preocupados que no futuro, a camada de gelo polar e os glaciares derretam. Em conseqüência haverá aumento do nível, em muitos metros. No presente momento, os cientistas não esperam um maior derretimento nos próximos 100 anos, quando o clima fica mais quente, a evaporação aumenta, e isto provoca pesados aguaceiros e mais erosão, e é por isto que inúmeras pessoas pensam que isto poderá causar os resultados mais extremos no clima como progressivo aquecimento global.
                  Assim, o aquecimento global também pode apresentar efeitos menos óbvios, por exemplo, a Corrente do Atlântico Norte, provocada por diferenças entre a temperatura entre os mares. Contudo, aparentemente ela está diminuindo conforme as médias da temperatura global aumentam, isso significa dizer que áreas como a Escandinávia e a Inglaterra que são aquecidas pela corrente devem mostrar climas mais frios a despeito do aumento do calor global, mas por outro lado o aquecimento global pode trazer conseqüências graves para todo o planeta incluindo plantas, animais e seres humanos, enquanto que a retenção de calor na superfície terrestre pode influenciar fortemente o regime de chuvas e secas em várias partes do planeta, afetando plantações e florestas.
                  Notadamente algumas florestas podem sofrer processo de desertificação, enquanto plantações podem ser destruídas por alagamentos, e com isso o resultado é o movimento migratório de animais e seres humanos, escassez de comida, aumento do risco de extinção de várias espécies animais e vegetais, e aumento do número de mortes por desnutrição. O outro grande risco do aquecimento global é o derretimento das placas de gelo da Antártica, mas esse derretimento já vinha processando há milhares de anos, por um lento processo natural, mas a ação do homem e o efeito estufa aceleraram o processo e o tornaram imprevisível.
                  A calota de gelo ocidental da Antártida está derretendo a uma velocidade de 250 km cúbicos por ano, elevando o nível dos oceanos em 0,2 milímetro a cada 12 meses. O degelo desta calota pode fazer os oceanos subirem até 4,9 metros, cobrindo vastas áreas litorâneas pelo mundo e ilhas inteiras. Os resultados também são escassez de comida, disseminação de doenças e mortes. O aquecimento global também acarreta mudanças climáticas, o que é responsável por 150 mil mortes a cada ano em todo o mundo. Só no ano passado, uma onda de calor que atingiu a Europa no verão matou pelo menos 20 mil pessoas. Os países tropicais e pobres são os mais vulneráveis a tais efeitos. A Organização Mundial da Saúde [OMS] atribui à modificação do clima 2,4% dos casos de diarréia e 2% dos de malária em todo o mundo. Esse quadro pode ficar ainda mais sombrio: alguns cientistas alertam que o aquecimento global pode se agravar nas próximas décadas e a OMS calcula que para o ano de 2030 as alterações climáticas poderão causar 300 mil mortes por ano.
                 O aquecimento global é o aumento da temperatura terrestre em todo o planeta, e tem preocupado a comunidade científica cada vez mais. Acredita-se que seja devido ao uso de combustíveis fósseis e outros processos em nível industrial, que levam à acumulação na atmosfera de gases propícios ao Efeito Estufa, tais como o Dióxido de Carbono, o Metano, o Óxido de Azoto e os CFCs. Há muitas décadas que se sabe da capacidade que o Dióxido de Carbono tem para reter a radiação infravermelha do Sol na atmosfera, estabilizando assim a temperatura terrestre por meio do Efeito Estufa, mas, ao que parece, isto em nada preocupou a humanidade que continuou a produzir enormes quantidades deste e de outros gases de Efeito Estufa. Desmatamento, queimada de florestas e matas também colabora para este processo.
                  Segundo as medições da temperatura para épocas anteriores a 1860, desde quando se tem feito o registro das temperaturas em várias áreas de globo, as medidas puderam ser feitas a partir dos anéis de árvores, de sedimentos em lagos e nos gelos, o aumento de 2 a 6 ºC que se prevê para os próximos 100 anos seria maior do que qualquer aumento de temperatura alguma vez registrado desde o aparecimento da civilização humana na Terra. Desta forma torna-se assim quase certo que o aumento da temperatura que estamos enfrentando é causado pelo Homem e não se trata de um fenômeno natural. Conseqüências do aquecimento global Aumento do nível dos oceanos: com o aumento da temperatura no mundo, está em curso o derretimento das calotas polares. Ao aumentar o nível da águas dos oceanos, podem ocorrer, futuramente, a submersão de muitas cidades litorâneas; Desertificação: o aumento da temperatura provoca a morte de várias espécies animais e vegetais, desequilibrando vários ecossistemas.
                  Somado ao desmatamento que vem ocorrendo, a tendência é aumentar cada vez mais as regiões desérticas em nosso planeta; Aumento de furacões, tufões e ciclones: o aumento da temperatura faz com que ocorra maior evaporação das águas dos oceanos, potencializando estes tipos de catástrofes climáticas; Ondas de calor: regiões de temperaturas amenas têm sofrido com as ondas de calor. No verão europeu, por exemplo, tem se verificado uma intensa onda de calor, provocando até mesmo mortes de idosos e crianças. O protocolo de quioto que é um acordo internacional que visa a redução da emissão dos poluentes que aumentam o efeito estufa no planeta. Entrou em vigor em 16 fevereiro de 2005. O principal objetivo é que ocorra a diminuição da temperatura global nos próximos anos. Os E.U.A, infelizmente, país que mais emite poluentes no mundo, não aceitou o acordo, pois afirmou que ele prejudicaria o desenvolvimento industrial do país. No caso de não se tomarem medidas drásticas, de forma a controlar a emissão de gases de Efeito Estufa é quase certo que teremos que enfrentar um aumento da temperatura global que continuará indefinidamente, e cujos efeitos serão piores do que quaisquer efeitos provocados por flutuações naturais, o que quer dizer que iremos provavelmente assistir às maiores catástrofes naturais causadas indiretamente pelo Homem, alguma vez registradas no planeta. A criação de legislação mais apropriada sobre a emissão dos gases poluentes é de certa forma complicada por também existirem fontes de Dióxido de Carbono naturais, o qual manteve a temperatura terrestre estável desde idades pré-históricas, o que torna também o estudo deste fenômeno ainda mais complexo. As analogias mais próximas que se podem estabelecer são com mudanças provocadas por alterações abruptas na circulação oceânica ou com o drástico arrefecimento global que levou à extinção dos dinossauros. O que existe em comum entre todas estas mudanças de clima são extinções em massa, por todo o planeta tanto no nível da fauna como da flora. Esta analogia vem reforçar os modelos estabelecidos, nos quais prevêem que tanto os ecossistemas naturais como as comunidades humanas mais dependentes do clima venham a ser fortemente pressionados e postos em perigo.


 CONCLUSÃO

                   Concluímos que a responsabilidade do homem que tem pela natureza humana é de tal monta, que a proteção implica automaticamente a proteção do outro, ou seja, nós temos que respeitar a natureza humana; a atividade antrópica, da mesma forma que vem sendo decisiva para a degradação da qualidade ambiental e da vida no planeta, ela é também decisiva para a reversão deste processo, cuja manifestação mais preocupante são as drásticas mudanças climáticas em nível global, com grandes questões importantes que  merecer a atenção dos Poderes Públicos e da sociedade brasileira para a adequada formulação dos rumos das políticas públicas relativas às alternativas energéticas, a saber, a hidroenergia, termoenergia e agroenergia, em especial, ponto crucial das políticas de desenvolvimento nacional em tempos de mudanças climáticas globais e vigência do Protocolo de Quioto. De fato, Karl-Otto Apel frisou que: “[...] a responsabilidade de principio dos seres humanos uns pelos outros é uma relação potencial que só se torna atual em conformidade com efetivo avanço de poder” (APEL, 1988 p. 146). É nesta linha de raciocínio que segundo Hans Jonas, argumentava que:

Precisamos da ameaça a imagem humana - e de tipos de ameaça bem determinados - para, com o pavor gerado, afirmarmos uma imagem humana autentica. Enquanto o perigo for desconhecido não se saberá o que há para se proteger e por que devemos faze-lo: por isso, contrariando toda lógica e método, o saber se origina daquilo contra o que devemos nos proteger (...) só sabemos o que esta em jogo quando sabemos que isto ou aquilo esta em jogo. (JONAS, 2006, p.71).

                   Portanto, “ O futuro é, ao mesmo tempo, condição de possibilidade de continuidade da humanidade e também o espaço dos efeitos possíveis e longínquos da ação humana” (SANTOS, 2009 p.6).


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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SCARBELLI & DARÓS. Vivência e descoberta em geografia, 7ª série - Ed. renov. - São Paulo : FTD, 1996.


[1]Graduado em Licenciatura em História pela Universidade Estadual da Paraíba [UEPB] e Graduando em Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade Estadual da Paraíba [UEPB].
[2] O El Niño é uma alteração significativa de curta duração, que varia de 12 a 18 meses em torno da distribuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico, com profundos efeitos no clima. Em conseqüência disto, estes acontecimentos modificam um sistema de flutuação das temperaturas daquele oceano chamado Oscilação Sul e, por essa razão, são referidos muitas vezes como OSEN (Oscilação Sul-El Niño), mas o seu papel no aquecimento e arrefecimento global é uma área de intensa pesquisa, ainda sem um consenso.